segunda-feira, 16 de junho de 2014

Acampamento Inusitado ( Final)

Segunda Parte: http://prosacompaz.blogspot.com.br/2014/06/acampamento-inusitado_9.html



Final:

Peguei minha namorada e resolvi entrar na nossa barraca, pegar as coisas e sair dali, correr até a estrada e pedir carona, contar para alguém, sumir. Quando entrei na barraca, vi uma mala preta, com muitos objetos cortantes, uma máscara, um capuz, e uma roupa suja de sangue. Reconheci aquela mala... Veio minha infância toda na cabeça. As viagens com minha família, meu pai sempre segurando aquela mala. Fiquei em estado de choque. A 15 anos não via meu pai. Não é possível, deveria ser uma terrível coincidência. Precisava sair correndo daquele lugar, precisava proteger a menina que estava comigo. Estava morrendo de medo, mas uma curiosidade tomou conta de mim, e se fosse meu pai? Porque ele estaria fazendo aquilo? Tive que ir atrás dessas respostas. Mauricio entrou desesperado, me chamando pra ir embora. Pedi que levasse minha namorada com ele, que eu precisava resolver umas coisas ali. Ele não entendeu, mas atendeu meu pedido e saiu com as meninas. Resolvi ficar. Sentei em frente a barraca, um copo de cerveja na mão e esperei o homem voltar. Sabia que corria um risco, se não fosse meu pai, fosse um assassino maluco, eu morreria. Só que as duvidas e a curiosidade falaram mais alto. E, depois de um tempo, senti um braço meu pescoço. Me enforcando, senti uma faca nas costas, depois de uma luta, consegui virar e tirar o capuz do homem. Me assustei e ele também.  Ele gritou “ Filho?” E, chorando, deu dois passos pra trás. Minhas vistas escureceram, coloquei a mão onde recebi a facada, e tinha muito sangue. Cai no chão. Ele deitou sobre mim e falou: “ O que você faz aqui, no meu acampamento?” E falei: “Pai, você é assassino? Porque fazer isso? Quem era aquela família que você matou?” "Filho, era a minha família, a aquela mulher era minha esposa, e estava com tuberculose. Ela passou para minhas duas filhas, e sem dinheiro para o tratamento, elas morreram, e, um pouco antes dela morrer, ela me fez prometer que tiraria a vida de qualquer pessoa que tentasse chegar perto da nossa casa, que está a 1 Km daqui então, tirei um pedaço delas pra guardar de recordação e pendurei na arvore, para sempre lembrar delas e vocês apareceram”” “Pai, você matou pessoa...” Fui ficando fraco, nem terminei a frase, só pedi “ me leva ao hospital, vou morrer” Ele me olhou, deixou cair uma lagrima e falou “Sou um homem e fiz uma promessa pra mulher que amei, então me desculpe filho” E assim, ele levantou a faca e mirou meu coração e ficou parado, naquela posição, por alguns minutos e, com olhos fechados, desceu a mão. Eu fechei os olhos, esperando a morte. Quando abri, meu pai estava deitado do meu lado, a faca em seu coração... Fui ficando fraco, a visão escurecendo, só vi minha namorada e os meninos aproximando e apaguei! Me contaram depois, eu no hospital, que resolveram voltar pra me ajudar, me acharam deitado, em cima de um homem morto, abraçado com ele. 

FIM



Autor: Luiz Felipe Paz

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