sexta-feira, 18 de abril de 2014

As respostas onde não esperamos!

Pego a estrada deserta. No carro, eu e todas as coisas que decido levar comigo. Não tenho destino, não faço ideia para onde ir. Despedi da minha mãe, ela, aos prantos me deu um abraço doído. Meu pai, mais seco, chora calado e me aperta as mãos, desejando boa viagem. Não sou adepto a despedidas, e envio uma mensagem aos meus amigos mais próximos. Conto da decisão de me mudar e digo que não sei para onde vou, mas que mando onde estarei assim que decidir. Recebo algumas respostas, me chamam de louco e querem explicações. Não dou. Estou no carro, toca uma música que aprendi a gostar na minha infância. Meio que nostalgicamente, começo a lembrar e me despedir de todas as memórias. É hora de recomeçar do 0, em outro lugar. Não é fácil. São 25 anos de muitas loucuras vividas. Vários amigos, uma família linda e várias histórias. Decido, depois de me prender tanto tempo em um local, que devo criar raízes em outro estado, outra cidade. Quero pessoas novas, que topem as loucuras que proponho, quero gente que me apresente suas loucuras e que me façam querer ficar. Me pego surpreso, com as lágrimas que insistem em cair dos meus olhos, quando lembro de uma antiga namorada. Ela foi a coisa mais louca que vivi. Decido apagar aquela memória também. Já são 6 horas de viagem, e nenhuma memória parece querer sumir. Ando sem rumo, até sem perceber o caminho que faço. Descubro que, o que a gente vive, fica tão gravado na gente, que faz parte de quem somos. Eu sou tudo que vivi naquele lugar. Sou todas as pessoas que me acompanharam nesse tempo. Minha personalidade, meu caráter, minhas conquistas, minhas perdas, foram construídas e conquistadas ali. Mudo a música, decido colocar na rádio e ouvir uma música nova. Sou o cara que foge de rotinas, por isso, resolvi mudar. Decidi que estava cansado do mesmo e queria coisa nova. Tento imaginar uma nova vida, cheia de coisas novas, pessoas novas, mas aquelas lembranças não saem de mim. Vou guiando o carro, e meio que em piloto automático, meu cérebro vai guiando pra onde devo ir. Quando me vejo, estou de malas na mão sendo recebido por uma mulher chorando, um homem com um sorriso contido que diz “eu sabia que você voltaria meu filho”.

Autor: Luiz Felipe Paz

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