Ele acordou com aquele gosto de cabo de guarda chuva na boca,
aquela ressaca depois de cinco dias de carnaval. A quarta feira de cinzas
amanheceu nublada. Ele não estava mais cercado dos vários amigos, que dividiram
com ele uma casa e varias caixas de cerveja. Ele não tinha mais as mascaras,
onde escondia suas franquezas e medos. Não tocava mais aquela musica irritante,
num volume exagerado, que fazia ele não escutar o grito de socorro da sua alma.
Era ele, um vazio profundo e um céu nublado. O cara cheio de si, cheio de nomes
e cheio de meninas era um nada, sem ninguém. A menina que ele tentou esquecer
em outras meninas continuava aparecendo em sua mente, continuava sentindo o
cheiro dela, do seu cabelo macio. Continuava ouvindo a voz rouca, doce, pedindo
colo. Então ele percebeu que o carnaval pra ele foi como um saco de pão cheio
de ar. Ele se encheu de nada e isso acabou. Ele terminou pra viajar, um namoro
de 3 anos, trocou por 5 dias de festa. Ela não viajou, ficou em casa, leu
alguns livros, ouviu algumas musicas e curtiu a sua fossa. Pra ela, a quarta
feira de cinzas foi mais um dia de saudades. Mas ele percebeu, que ela ganhou cinco
dias, se recuperando e percebendo que aquele cara era só mais um, podendo fazer
a escolha pelo certo, quis o duvidoso. Ele perdeu cinco dias, numa tentativa frustrada
de provar pra ele mesmo que sua decisão era correta.
Ela foi se recuperando, sem forçar nada, deixando as coisas
agirem no tempo certo. Foi conhecendo outras pessoas, vivendo outras historias.
Aquele fim de relacionamento fez aquela menina frágil e dependente, se tornar
uma mulher madura e cheia de amor próprio. Ele não, ele fica todo dia se
arrependendo daqueles cinco dias. Tudo que ele queria eram aquelas mascararas
de carnaval, pra esconder a vergonha da escolha burra que ele fez.
Autor: Luiz Felipe Paz
Extremismo não.
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