Carta encontrada na casa de Dona Lurdes. Ela morreu duas horas depois de
seu marido. Foi encontrado na cadeira ao lado da cama onde Agnaldo havia
falecido. Ela segurava essa carta, e tinha um sorriso no rosto. Deixaram três
filhos e estiveram juntos por 45 anos.
Agnaldo mandou a carta, com dois anos de namoro. Um ano depois, eles se
casaram.
Minha menina...
A gente se conheceu, se amou e viveu coisas lindas. Alguma coisa aconteceu,
a gente se perdeu. Perdemo-nos nas palavras, nos gestos e nas atitudes. O que
era sincero virou comodismo. Eu amava sentir amor por você, hoje dói ter esse sentimento.
Dói cada palavra que você me diz. Estar junto com você não é mais a melhor
coisa do mundo. A gente só briga, vamos, aos poucos, matando o que foi lindo. A
gente não se respeita, não se entende. No começo do fim, brigávamos escondido, morríamos
de medo de alguém ver. Hoje não estamos nem ai, as brigas são em qualquer
lugar, na frente de qualquer pessoa. Eu não quero mais isso. Quero sair desse relacionamento,
mas o medo não deixa. Eu ainda amo você, e tudo que eu amo em você, eu sei que
continua ai. Eu não vou desistir de lutar, porque eu escolhi ser seu. A gente
vai ter que aprender a fazer desse fim, um começo. A fazer do amor, um recomeço
diário. Não sei como, quero me encontrar em você, e me perder nos seus braços.
Quero fazer de você, os meus melhores momentos. Então vem comigo, me dá a mão.
Vamos juntos redescobrir uma maneira de amar de novo, de se amar todo dia.
Vamos fazer acontecer.
Desculpa-me minha menina, mas não posso desistir de você. Não vou. Não
sou esse tipo de cara. Se eu tenho dentro de mim, todo esse sentimento por
você, é por algum motivo. Eu vou lutar, por você e por nós. Eu só estou
tentando fazer da melhor pessoa da minha vida, uma realidade. Podia jogar a
toalha, pedir arrego e sair fora. Podia viver sozinho, sem ciúmes, sem brigas,
sem cobranças. Mas eu estaria deixando de lado a melhor coisa que me aconteceu.
Diz-me, olhando nos meus olhos, que quer lutar por mim, que eu visto
minha melhor armadura e vou pra guerra, que por você, eu vou até o fim, pra
gente recomeçar de novo e de novo.
Ass: Teu guri.
Autor: Luiz Felipe Paz
Extremismo não.
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