Quando eu tinha 14 anos, uma amiga minha me
disse que quando fosse casar, entraria na igreja de All Star branco. Eu ri,
duvidei e logo mudamos de assunto. Passaram longos e bem vividos 15 anos,
recebi o convite, fiquei feliz com a noticia e fui. Foi super legal entrar na
igreja, revi amigos de anos atrás, batemos algum papo, até que a noiva entra.
Demorei certo tempo pra perceber o All Star branco, embaixo daquele lindo
vestido. Ela estava linda, um sorriso que contagiava todo mundo. Era visível sua
felicidade. Curtimos a festa, bebemos, conversei com todos os amigos ali
presentes e fui embora, pensando na loucura daquela menina. Respeitava muito o
fato de ela cumprir a promessa, ter tido palavra. Passaram alguns meses do
casamento, encontrei-a em uma praça, e demos um longo abraço e começamos a
conversar, depois de alguns assuntos comentei “ não é que você casou mesmo de All
Star branco, confesso que cheguei a duvidar”. Ela sorriu, olhou bem nos meus
olhos e falou o sapato foi a menor das promessas que tive que cumprir pra estar
ali. Antes, precisei ser amiga daquele cara. Respeitei seu espaço, seus gostos
e o fato dele gostar de gatos e não de cachorros. Tive que aprender a ama-lo e
ser namorada dele. Entender que ele teria amigas teria os momentos dele e eu
precisava aceitar. Compreendi que éramos 2 e não um só. Tínhamos gostos
diferentes, admirações diferentes e ideias que não batiam de jeito nenhum. Ele
gosta de pagode, assiste futebol e não gosta muito de falar de politica, mesmo
tendo suas convicções e sabendo em quem vai votar. Eu escuto Coldplay, no
ultimo volume, acho futebol uma chatice e meu assunto preferido é falar de
politica. Ele come sanduiche, gosta de bacon e toma cerveja todo dia. Eu gosto
de comida natural, sou vegetariana e prefiro tequila. Ele é zen, paciente e
super atencioso. Eu sou uma furação, ligada na tomada e me irrito com qualquer
coisa. Sou super ciumenta, ele não. Sou pés no chão, ele é um sonhador! Casar
de All Star branco foi uma maneira de dizer que eu faria tudo para aquele
casamento dar certo, mas não abriria mão das coisas que eu penso, acredito, por
ele. E ele aceitava e admirava aquilo. Você não reparou, e ninguém ali sabia,
mas ele casou com meiões de jogar bola, por baixo do terno. Era o grito de
liberdade que ele dava. E é isso que admiro na gente e isso que nos faz um
casal completo. Entender, respeitar o outro e suas escolhas. Não ligar muito
para opiniões dos outros. Amar o outro, mas antes amar a si. É olhar no olho e
saber respeitar. Saber que ali tem uma pessoa de caráter, que passou por muita
coisa e abriu mão de muita coisa pra estar comigo e eu com ele. É entender, que
um relacionamento, é muito mais que dar as mãos e entrelaçar os dedos. É entrelaçar
almas, corpos, sonhos, objetivos, defeitos, famílias. As mãos? Deixa solta,
porque as vezes precisamos carregar o outro no colo. Ser alicerce, ser sustento
e dar paz. Não foi fácil, mas, nunca, em nenhum momento eu tive duvidas que era
aquele homem que eu queria ter pro resto da minha vida. E posso te contar um
segredo “ na lua de mel, transamos eu, de meias de jogar bola, ele de All star
branco. E rimos durante o sexo, o tempo todo. Foi lindo. Sabe aquela risada
junto com a dele? Aquilo lá, era amor. Ai, perguntei: “ pra usar o meião dele,
você começou a gostar de futebol?” Não, ainda não suporto e não entendo, mas
amo aquele cara, que por algum motivo gosta daquilo. Foi sinal de respeito com
as nossas diferenças. Quando ele tiver assistindo futebol, vou pesquisar sobre
politica. Porque eu amo até as diferenças daquele mané.
Autor: Luiz Felipe Paz
bommm de mais, parabéns por expressar tao profundamente, sensações e sentimentos.
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