Sentavam todos à mesa, para jantar. Era uma tradição
familiar. O pai na ponta, a mãe na outra e cada um com um filho no colo, dando a
refeição. O pai contava uma historia, a mãe contava seu dia, as crianças riam
de alguma coisa. A televisão ficava ligada o dia todo, mas na hora do jantar
era sagrado, desliga a TV, e comem juntos. Os anos foram passando e nunca
abriram mão desse habito. O filho ia contando os acontecimentos da escola, a
filha contava seus dilemas, a mãe seu dia e o pai historias. Era uma família unida,
sabiam tudo da vida um do outro. Os filhos contavam tudo pros pais, eram pais
liberais, confiavam nas crianças.
Um dia, o pai chegou tarde do trabalho, chegou a hora de
comer e o pai não estava ali. O filho mais novo jantou na frente da TV, a filha
em frente ao computador. A mãe comeu sozinha. E depois daquele dia, nunca mais
comeram juntos. Raramente conversavam. Os filhos começaram a guardar segredos, a
mulher começou a desconfiar do marido. A família desandou. Viviam sem paciência,
se maltratando e se ofendendo. O marido saiu de casa, o filho só bebia e
chegava tarde. A filha engravidou. Tinha 18 anos, e uma criança em seu ventre.
A mulher arrumou
um namorado, o marido uma mulher e os filhos não se falavam. Foram pra
faculdade, a menina mudou-se para uma republica, a criança ficava com a avó. A família
unida se perdeu. Perdeu o dialogo, perdeu o respeito, perdeu o amor. É cada um
por si, um na TV, outro no computador.
Eles se perguntam como aquilo aconteceu. Ninguém consegue
perceber, mas foi a partir do dia que deixaram a tradição de lado, e cada um
começou a comer separado. Perdeu-se o habito, de conversarem. A família acabou
no dia que deixaram de comer juntos.
Autor: Luiz Felipe Paz
Extremismo não.
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