Norberto, menino esperto, quer jogar bola na rua. Encantando
com as histórias do pai, de quantos amigos ele tinha, de quantas brincadeiras
eles faziam, até o entardecer. Norberto viaja, cria coisas nas cabeças, queria
ter mais amigos, mas os amigos dele só querem ficar no videogame e no
computador. Ele não consegue entender, com a rua toda pra eles, o dia tão
bonito, os amigos preferem ficar trancados no quarto olhando as imagens na TV.
Sem os amigos, ele aprende a viver nesse mundo, ganha um videogame, e passa sua
infância sozinho, só com os amiguinhos de escola, que mesmo assim, não
conseguem se desligar da tecnologia.
Norberto cresce se apaixona por Maria, sua vizinha. Seu
coração acelera só de ver que ela está online. Chama-a pra conversar, não tê-la
frente a frente tira a sua vergonha, e ele fala muito, eles conversam o tempo
todo. Quando vê Maria na rua, a timidez toma conta, e ele mal consegue dizer um
oi. Norberto é tímido, e precisa do seu computador pra se aproximar de Maria.
Maria não, ela é descolada, cheia de amigas, todo mundo gosta dela. Ela é
linda, sabe o que quer, faz planos pro futuro. Norberto vai se encantando, cada
vez que vê seu perfil na internet. O pai alerta “fala com ela meu filho,
olhando nos olhos, quem sabe ela não te dá uma chance?”. Ele não tem coragem.
Eles vão crescendo, ela ficando cada vez mais linda, ele
cada vez mais tímido. O computador é sua defesa, ali ele sabe tudo, conversa
com todo mundo. Mas no seu mundo real, não tem ninguém. Norberto e Maria batem
muitos papos, conversam sobre tudo. Mas, mesmo sendo vizinhos, nunca deram um
abraço. A vergonha nunca deixou Norberto se aproximar.
O pai de Norberto recebe uma proposta de emprego em outro
estado, eles precisam se mudar. Norberto nunca mais vai ver Maria, a chance é
agora. Bater em sua porta e se declarar. Ele pensa em fazer isso, por telefone.
Não consegue, vai ter que ser digitando. Ele bola o texto, faz rascunho, pega o
celular. Começa a escrever a mensagem. Ele tem 24 horas. No dia seguinte eles
vão partir. Ele precisa abraçar Maria, sentir, pelo menos uma vez, se tudo
aquilo que ele imagina, é real. Não tem coragem.
O dia de partir chegou, ele tem mais 4 horas, que é o tempo
de arrumar as malas. Ele cria coragem, vai mandar a mensagem. Está no carro,
digita o texto, um lindo texto. Seus olhos enchem de lagrimas. Ele pensa,
respira fundo e, quando vai apertar pra enviar. Acaba a bateria. E já era
Maria, já era seu amor. Maldito celular, que foi vacilar e não deixou Norberto se
aproximar de quem morava ao seu lado.
Autor:Luiz Felipe Paz
Extremismo não.
Que triste! maldita bateria :(
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