terça-feira, 14 de outubro de 2014

Ela não era tão perfeita!

Quer saber? Ela nem era tão perfeita assim. No nosso primeiro encontro, ela soltou um foda-se e um puta que pariu. Eu ri. E depois, tomou um porre e começou a falar coisas sem sentindo. Eu ri. E ela me deu na primeira noite. E me ligou no outro dia, me chamando pra dormir com ela, que ela estava sozinha. E eu sorri. E fui. E depois, ela não me atendeu por uma semana. Depois me ligou e na maior cara de pau disse que estava com saudades! Ela era um pouco maluca. E escutava umas musicas que eu nem gostava. Acordava às 7 da manhã de bom humor, liga o som na maior altura e dançava meio desengonçada. Eu ria. Ela pedia pizza, comia três pedaços e tomava refrigerante zero, pra “emagrecer amor”. Depois de três pedaços? Ela não tinha frescura. Comia mesmo. Mandava-me foto segunda feira, no boteco com as amigas, bebendo cerveja, mas morria de ciúmes do meu futebol com meus amigos, na quarta à noite. Vai entender. Vestia uma roupa, pedia minha opinião, e eu elogiava. Ai ela trocava de roupa cinco vezes, dizendo que a primeira estava feia, e quando a gente estava na porta pra sair, ela voltava e colocava a primeira que experimentou, dizendo que nada ficava bom! Me fazia chegar atrasado, e eu nem me importava. Ela implicava que eu nunca tinha tempo pra ir ao cinema com ela, e quando eu ia, ela dormia o filme todo. Ela não era tão perfeita, como eu imaginei que fosse. Falava palavrão, arrotava baixinho, às vezes. Comia muito, bebia com meus amigos, tomava porre e não ligava pro que iam falar. Às vezes, não prestava atenção no que eu estava falando, e me interrompia com beijo. Ela era maluca, intensa e nunca tirava o sorriso da cara, mas chorava sem motivo nenhum, só pra ver se eu me preocupava. Era madura e decidida, mas ficava toda perdida, quando a cadelinha dela estava doente. Ela não era perfeita. Ainda bem que não. E quer saber? Com todas essas imperfeições, ela é perfeita pra mim. Mudei meu conceito de perfeição. Porque ela não me preenche, ela me transborda. E é isso que eu preciso, não quem me completa, mas quem me refaz. Amor mesmo é isso, se refazer. Porque defeitos também são peças do quebra cabeça, e eles precisam encaixar também!


Autor: Luiz Felipe Paz

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